domingo, 13 de abril de 2014

CONSELHOS HÍDRICOS

         O ser humano, de modo geral, e o brasileiro, em particular, não costumam levar muito a sério as advertências recebidas, preferem correr riscos. É que o se observa em relação a muitos problemas que poderiam ser evitados, mas acabam acontecendo, por indiferença ou menosprezo para com os sinais de alerta.
            Presente em diferentes circunstâncias, esse comportamento é comum nas tragédias provocadas por secas, enchentes, avalanches, terremotos, tsunamis, incêndios florestais e outros fenômenos naturais. Mesmo ciente dos riscos, o homem insiste em desafiar a natureza, permanecendo onde não devia ou comportando-se de maneira imprópria.
            A escassez de água ora enfrentada por São Paulo dá a exata dimensão desse conflito: o Estado encara sua pior crise em mais de 80 anos.
Segundo consta, a vulnerabilidade do sistema de abastecimento é conhecida pelo governo paulista desde dezembro de 2009. Naquela ocasião, relatório elaborado pela Fundação de Apoio à USP não apenas alertou para o problema como sugeriu medidas que fossem tomadas pelo órgão responsável (Sabesp), com vista a assegurar melhor gestão dos recursos hídricos.
Nada se fez, e a unidade federativa mais desenvolvida do país está às portas de um colapso d’água.
O problema existe em todo o planeta.
A redução do volume de água no mundo é constante e quase sempre sorrateira. Suas consequências nem sempre são imediatas. Quando se mostram, costuma ser tarde demais para que algo seja feito.
Estudos mostram que 40% da população mundial já são afetados pela falta de água.
Nas nações pobres, a dificuldade é mais drástica: grande maioria da população não tem acesso a água potável e saneamento.
Há previsões de que, nos próximos anos, as guerras não mais serão por petróleo, sim por recursos hídricos. O Brasil detém 13,7 % de toda a água potável no mundo. É o país mais rico nesse quesito, consequentemente, poderá tornar-se o mais visado.
Não é necessário percorrer longas distâncias, para achar alguém desperdiçando preciosos litros de água.  O desrespeito não tem jurisdição, porém é maior nas áreas centrais das cidades, onde os mais abastados insistem em longas limpezas de passeios, irrigações de plantas e jardins, lavagens de veículos e outras práticas que chegam a afrontar à comunidade, contribuindo para agravar o problema. Em condomínios, postos de combustíveis, lava-jatos, colégios, mansões, casas e outros locais é banal a água jorrar como se houvesse dilúvio.
A mudança desses hábitos é tão importante quanto a conscientização de que não se deve esperar o arrombamento da porta, para nela colocar um bom trinco.
Melhor prevenir do que remediar, pois, segundo um velho provérbio, “quem não houve conselho, ouve coitado”.
 
- Jornal de Domingo
 

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