domingo, 5 de outubro de 2014

RECEITA CASEIRA

            A força política de uma cidade não é obra do acaso, não surge num passe de mágica.
Na sua essência, é o auspicioso resultado uma conjugação de idéias e esforços, em torno de metas perseguidas pelo grupo. Ela vem no mesmo comboio em que viajam o idealismo, o respeito às tradições e o espírito de união. Onde também trafegam o orgulho de pertencer à comunidade e o saber valorizar as lideranças locais, afora outras virtudes que precisam ser cultivadas e, sobretudo, praticadas.
            Ao longo de sua história, Valadares tem ressentido de uma representatividade política mais expressiva, coesa e vigorosa o bastante para se impor e batalhar com êxito por suas aspirações.
            Várias e importantes conquistas estão contabilizadas, todas dignas de aplausos.  Muitas, entretanto, deixaram de acontecer, não por desinteresse ou falta de empenho, sim devido à insuficiência de prestígio político.
Até hoje, por exemplo, o município não conquistou a sonhada grande empresa que daria mais sustentação e dinamismo à sua economia. Também não viu a chegada do gasoduto há muito prometido, que agregaria mais atrativos ao seu perfil empresarial. Isso sem contar a carência de serviços aéreos e de um aeroporto à altura do que necessitam a comunidade e aqueles que alimentariam algum projeto em relação à cidade.
A rigor, nem mesmo a duplicação da BR-381pode ser tida como vitória consumada. Pelo menos de início, as duas raias só existirão entre Belo Horizonte e Belo Oriente. Daí pra cá, apenas melhoramentos na pista única existente, decisão absolutamente discriminatória e desrespeitosa para com Valadares. Após muita grita, há juras de que a mancada será corrigida. Se a promessa será cumprida, só o tempo e as urnas dirão.
Não é justo, porém, centrar nos homens públicos a responsabilidade por esse contexto.  Seriam eles os maiores, mas não os únicos culpados.
Também a comunidade tem muito a ver com a questão. Afinal, é ela quem sufraga seus mandatários públicos. Entre eles forasteiros, que, em época de eleições, se apresentam como guardiões dos interesses locais, prometendo mundos e fundos. Conquistam preciosos votos, depois se mandam, deixando o povo a ver navios.
O “pepino” sobra para os políticos “caseiros”, que, salvo honrosas exceções, sem grande talento, sem cacife e sem união, pouco ou nada podem fazer.
As eleições acontecem neste domingo. É a nova chance de essa lamentável situação ser revertida ou, pelo menos,  minimizada.
É verdade que o eleitor se sente cada vez mais desmotivado. Não que esteja brigado com as urnas ou renunciando ao direito de escolher seus representantes. Mas está farto de ter que optar entre o ruim e o pior, dilema cada vez mais presente nas eleições.
Valadares, porém, não parece tão atolada nesse imbróglio.
Para este pleito, há aqui bons candidatos que são da terra, por berço, adoção ou afinidade. Excluídos os “malas”, sobra muita gente boa. Gente conhecida, tradicional, séria e bem intencionada. Gente dedicada e batalhadora, que, apesar dos obstáculos, já mostrou serviços e pode fazer mais pela cidade.
Se o eleitor quiser zelar para que haja uma representação política autêntica, robusta e comprometida com os anseios valadarenses, a receita é prestigiar os “prata-da-casa”. Nada de dar boa vida a alienígenas oportunistas, que só aparecem na hora de garimpar votos.  
Repaginando o velho ditado popular, poder-se-ia dizer que Santo de casa não faz milagres, exceto alguns que só ele consegue praticar. Convém acreditar!

- Revista “Mais Mais PERFIL”


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