domingo, 9 de fevereiro de 2014

DE IGUAL PARA IGUAL

            Por mais que as autoridades insistam em fazê-lo, já não há como disfarçar a preocupante conjuntura em que se encontra o país.
Salários contingenciados, inflação crescente, juros altos, desenvolvimento baixo, perda da competitividade empresarial, instabilidade do câmbio e desequilíbrio da balança de pagamentos são apenas alguns pesadelos que têm perturbado os sonos do Planalto e da planície. Sem falar nas convulsões sociais e urbanas.
Segundo o noticiário, a situação chegou a ponto de até membros do governo admitirem que a atual forma de conduzir a economia enfrenta uma crise de credibilidade.
Reina a desconfiança nos diagnósticos e prognósticos oferecidos à nação. A tendência oficial é a de atuar na base do “me engana que eu gosto”, mascarando índices e minimizando os problemas. Por seu turno, nem sempre autêntica, a oposição coloca lenha na fogueira, torcendo pelo “quanto pior, melhor”.
Abre-se espaço para observadores independentes, aparentemente descomprometidos com facções partidárias.
É o caso do cientista político Luiz Felipe d`Avila, presidente do Centro de Liderança Pública, entidade dedicada ao desenvolvimento e à formação de lideranças interessadas em melhorar a gestão pública.
Em longa entrevista publicada nas páginas amarelas da revista Veja (05/02), d`Avila utilizou-se dos mais diversos argumentos, para mostrar que o Brasil necessita de um líder capaz de promover urgentes reformas institucionais.
Na sua visão, “vivemos de reformas feitas no passado. As instituições, porém, não suportam desaforos. Precisamos de uma nova safra de estadistas virtuosos, para dar sequência às reformas”. Ainda sobre isso, alertou para que “se o Brasil continuar no piloto automático, como estamos há mais de uma década, caminharemos para uma mediocridade terrível”.
Em síntese, d`Avila listou três objetivos que poderiam livrar ao país da condição em que se encontra: estabelecer como meta dobrar a renda per capita, em vinte anos; colocar a nação entre as dez primeiras no exame de avaliação internacional de ensino (Pisa); e atrair quatro trilhões de dólares em investimentos na infraestrutura. Receita de mestre.
Segundo ele, “a presidente (Dilma Rousseff) acreditou que atingiria essas metas, sem fazer nenhuma reforma”. Conseguiu alguma melhora, mas não o suficiente para impedir a perda de confiança que ela agora luta para recuperar.
Quanto à possibilidade de mudança significativa a favor das reformas, caso a oposição vença as próximas eleições, admitiu que Eduardo Campos e Aécio Neves, tendo sido governadores estaduais, deverão dar mais eficiência à administração pública. Mas, sem poupá-los de críticas, disse acreditar que “o Brasil terá uma mudança geracional importante a partir das eleições de 2018”.
Sob o ponto de vista ético e da eficácia de suas políticas, d`Avila relacionou nove personagens que, na sua avaliação, seriam os maiores estadistas brasileiros: José Bonifácio de Andrade, Joaquim Nabuco, dom Pedro II, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Oswaldo Aranha, Ulysses Guimarães e Fernando Henrique Cardoso. Opinião não se discute!
Essa escolha fez lembrar o ex-presidente Lula, que tem por hábito se comparar a grandes vultos históricos, particularmente a alguns que o antecederam no cargo. Quase nunca é levado a sério.  Conseguiu, afinal, nivelar-se a Getúlio Vargas e a Juscelino Kubitscheck: os três ficaram fora da lista de d`Avila, no mesmo plano. 

- Diário do Rio Doce
- Jornal de Domingo

 

 

 

 

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