domingo, 6 de novembro de 2016

CIDADE DOS SONHOS

Texto para revista Mais Mais PERFIL de out/2016 

Por Etelmar Loureiro

            Nas eleições de 2012, Governador Valadares esteve prestes a se tornar a oitava cidade mineira a ter segundo turno. No apagar das luzes, entretanto, conforme o noticiário, a Justiça Eleitoral foi surpreendida por uma lista de valadarenses mortos, no Brasil e no exterior, cerca de 550 pessoas. Isso fez com que o número de eleitores, que já havia ultrapassado o piso, ficasse reduzido a pouco menos dos 200 mil exigidos para que houvesse o “returno”. Especula-se que tudo não passou de uma sorrateira e habilidosa manobra, ainda investigada pelo TRE.
Desta vez, não houve espaço para “surpresas”. Atendidas as exigências legais, o segundo turno estaria garantido em Valadares, se necessário fosse.
O valadarense, contudo, não se deixou seduzir por essa prerrogativa. Sem vacilo, preferiu liquidar a fatura no primeiro turno.
A chapa encabeçada por André Merlo (PSDB) obteve mais de 80% dos votos, derrotando, de forma acachapante, suas três concorrentes. Entre elas a do candidato do governo petista, que não passou de um humilhante penúltimo lugar, com apenas 7,39% dos sufrágios.
Assim como em São Paulo e em outras grandes cidades brasileiras, as eleições valadarenses tiveram um “quê” plebiscitário. Serviram para desnudar a contrariedade, a decepção e a revolta da comunidade, com um governo que se despede de forma melancólica, tendo vários de seus membros, ex-integrantes e aliados envolvidos em cabeludos escândalos. Também na terra do “Mar de Lama”, o pleito consolidou a decadência do Partido dos Trabalhadores.  A traulitada sofrida pela legenda sepultou de vez a falsa tese de que o seu alijamento do poder seria um desrespeito à vontade popular.
De um momento para outro, o panorama se modificou. Na fisionomia de um povo que tem acumulado muitas frustrações e desenganos, percebe-se mais otimismo, mais disposição e mais confiança.
Pela primeira vez em sua história, Valadares estará sob o comando administrativo de um filho da terra. Um graduado em engenharia que, aos 50 anos, detém respeitável currículo. Entre outros antecedentes que o habilitam a ocupar a Prefeitura, convém lembrar que foi presidente da União Ruralista Rio Doce (URRD), com elogiável desempenho. Foi ainda subsecretário do Agronegócio (2013/2014), antes de assumir a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, onde permaneceu até o final do governo de Alberto Pinto Coelho. Em 2012, concorreu à Prefeitura Municipal, conquistando o segundo lugar.
Some-se a essa bagagem a solidariedade do seu vice, Dr. Luciano (de Oliveira e Silva), com quem demonstra total entrosamento, e o presumível apoio que deverá receber dos 24 partidos políticos que se coligaram em torno de sua eleição.
Fato é que André tem o que oferecer, tem munição para a “guerra”. Isso é bom, pois, com certeza, a exigência sobre ele terá a mesma amplitude dos problemas que há muito assolam o município. Resta saber se os exigentes estarão também dispostos a contribuir para que o melhor aconteça, e se têm consciência de que, além de torcer, é preciso participar.
 As lideranças sociopolíticas, empresariais, jurídicas e religiosas, as entidades de classe, a sociedade civil organizada, enfim, toda a sociedade terá que pôr a mão na massa, sem medo de ser feliz.

Estão em jogo alguns dos sonhos que André, na condição de valadarense nato e atuante, sempre acalentou em relação aos que se sentaram na cadeira de prefeito. Sonhos dos quais se tornou fiel depositário, com a missão de realizá-los. No resumo da ópera, ele passará a ser cobrado, naquilo em que até agora era cobrador. Que tenha êxito!

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