Etelmar Loureiro
- Diário do Rio Doce – 01.08.2019
Em
termos profissionais, trata-se de um dedicado e competente corretor de seguros.
Mas a sua enorme popularidade decorre de ele ser também um emérito comunicador,
um jornalista autodidata que põe no bolso muito especialista na área. Durante vários
anos, Paulo De Tarso Machado dirigiu e apresentou o programa esportivo
“Terceiro Tempo”, campeão de audiência na TV Rio Doce. Depois, sem comprometer as
suas atividades comerciais, tem se dedicado à produção de vídeos (“live”), que transmite
ao vivo em sua página no Facebook. Por esse meio, ele também costuma opinar
sobre política, economia e questões comunitárias, provocando comentários que
contribuem para ampliar a discussão em torno dos temas enfocados.
Recentemente
(22/07), De Tarso postou no “Face” uma inusitada observação: “90% dos que ficam jogando a culpa no executivo por fechamento de
lojas em GV só compram na internet”.
A repercussão foi surpreendente.
Até a última vez que visitei a sua página, o placar das reações acusava mais de
60 comentários. Muitos deles, feitos por elementos que aparentemente desconhecem
ou estão pouco familiarizados com a Lei de Responsabilidade Fiscal e com outros
dispositivos legais a que se subordinam os municípios. São esses os que atribuem
à administração municipal a responsabilidade pela recessão que afeta o comércio
local. Criticam a falta de incentivos fiscais, os altos impostos, os preços dos
aluguéis, do transporte público, do estacionamento e, sobretudo, condenam a
inexistência de um planejamento capaz de alimentar esperança por dias melhores.
Alguns culpam, isoladamente, a administração atual. Houve um que pode ter
acertado na mosca, apontando o ICMS mineiro – considerado o mais alto do país –
como “a maior dificuldade para manter as portas abertas”. A maioria,
entretanto, admite que os obstáculos têm origem remota.
Não
faltaram opiniões óbvias, segundo as quais o consumidor tem direito de fazer
compras onde quiser, não sendo obrigado a comprar em lojas físicas, para
mantê-las abertas.
Uma
ligeira turnê pelo Google mostra que o problema é universal. Pouco ou nada tem
a ver com o desempenho solitário de um prefeito, de um governador, ou de quem
quer que seja.
Junto com a internet,
surgiu uma nova forma de vendas a varejo e de atendimento ao consumidor. No
próximo ano, o comércio eletrônico completará 25 anos no Brasil. Nasceu em
meados da década de 1990 e, desde então, vem crescendo de forma assustadora.
Mesmo em épocas de
crise, o comércio varejista virtual só tende a aumentar. Ninguém mais precisa sair
de casa ou do trabalho para fazer compras. Isso pode ser comodamente feito em
qualquer lugar e a qualquer hora do dia, bastando ter acesso à internet. As tradicionais
lojas físicas, dependendo da sua estrutura, são sinônimas de gastos que se
equilibram na corda bamba da imensa crise que assola o país, e estão perdendo
espaço.
Os varejistas e os grandes
grupos empresariais, de Valadares ou de qualquer outra parte do mundo, devem se
conscientizar de que é hora de modificar e rever o jeito de comerciar. Atraindo
ou não clientes, com ou sem retração de vendas, o negócio precisa ser mantido
em funcionamento.
Entre
os que comentaram a observação de Paulo De Tarso, alguém mencionou que o ideal
seria não lutar contra a maré, mas modernizar o comércio de GV, dando-lhe condições
de suprir as demandas virtuais. Lembrou que há pessoas e empresas especializadas
em internet, prontas para se desincumbirem dessa tarefa. O problema é que muitos
insistem em investir e sustentar um modelo de negócio que só tende a encolher.
A
essa altura é bom ter em mente que mudar pode ser assustador, mas, além de
salutar, é às vezes inevitável e inadiável.
Paulo de Tarso é comunicador por excelência e tem razão em sua fala. No entanto, a meu ver, a fim de atender à dinâmica dos tempos atuais, faz-se necessária a modernização do comércio local para competir com o virtual. É a luta capitalista; é a lida democrática. Um grande abraço, meu amigo Etelmar, e parabéns por mais esta belíssima e oportuna crônica.
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