quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A longa gargalhada

      
            Analistas anacrônicos estão em maus lençóis. Subestimaram, fizeram pouco caso, tentaram desacreditar, desmerecer, discriminar, apostaram tudo no “nada vai dar certo”. Erraram feio: Lula venceu e convenceu.
            Em 2002, nessa mesma época, o país tentava conciliar o clima de boas festas com nervosismo e incerteza em relação ao futuro político. Legítima e democraticamente eleito, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do PT e político de esquerda, em breve iria a assumir a presidência do Brasil.
Fernando Henrique Cardoso, grande sociólogo, tucano de alta plumagem, preparava-se para entregar o governo a um ex-operário simples e humilde, carente de maior cultura, mas pródigo em valores pessoais.
Sindicalista aguerrido, líder inconteste, conquistou espaço político. Carismático e comunicativo, soube valer-se de festejadas virtudes – inclusive a de torcedor corintiano e de apreciador de uma boa pinga – que facilitaram sua interação com o povo. Um perfil naturalmente incomum.
           Grandes empresários, banqueiros, investidores internacionais e mais grupos acostumados com o padrão FHC não conseguiam disfarçar sua apreensão.
           Afora outras manifestações estapafúrdias, o “eu tenho medo” foi tão bem encenado pela atriz Regina Duarte, que quase lhe valeu um prêmio.
           No afoito sorriso dos políticos adversários, era nítida a profecia de que “o povo não perde por esperar”. Todos presunçosos de que seriam reconvocados, quando muito em 2006. Sofreram nova frustração; Lula foi reeleito.
           De repente, lá se foram os oito anos de lulismo. O petista, que a tantos amedrontava, cumpriu democraticamente seu mandato, sem atropelar os princípios institucionais. Teve o bom senso de não alterar a política econômico- financeira, nem promover mudanças radicais que pudessem colocar em risco a estabilidade interna. Com sabedoria, preferiu apostar em ações populares, no que se deu bem.
           Crises aconteceram – as comuns a todos os governos – e foram habilmente contornadas. Os casos de corrupção tiveram ampla divulgação, mas espera-se que a mudança de governo não traga solução de continuidade na busca e punição dos culpados.
           Lula sairá de cabeça erguida, com a consciência do dever cumprido, deixando em seu lugar uma até agora fiel aliada.          
Sempre acreditando no “quem ri por último, ri melhor”, guardou para o final a gargalhada que pode durar outros quatro anos, ou mais. Jogada de mestre!

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