domingo, 29 de julho de 2012

HORA E VEZ DO MENSALÃO


          Se escândalo indicasse desenvolvimento, o Brasil estaria entre os países mais adiantados do mundo. Se a classificação fosse em função dos casos mal resolvidos, abafados ou guardados sob tapetes, o primeiro lugar seria conquistado na moleza.
          Grande parte já caiu no esquecimento. Algumas maracutaias, entretanto, teimam em tirar o sono de seus responsáveis, sempre temerosos de uma punição improvável, mas não impossível.
          Por incrível que pareça, há casos em que o julgamento tarda mas acaba acontecendo, ainda que para salvar aparências e nem sempre fazer justiça.
          Na próxima quinta-feira (02), o Supremo Federal (STF) começa a julgar o famoso “mensalão’, esquema de compra de votos de parlamentares denunciado em 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson, que também será julgado. 
          Após muita espera, chegou o momento de o ex-ministro José Dirceu e outros 37 denunciados responderem por suposta participação no plano.
          Entre os acusados estão o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério, o publicitário Duda Mendonça, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, os ex-ministros Luiz Gushiken e Anderson Adauto, mais outras estrelas da constelação petista.
          Desapontado com os resultados quase sempre inócuos de casos precedentes, e conhecendo o poder de influência desse grupo e do partido político em que se apoia, o povo não alimenta grandes expectativas em relação ao evento.
          A corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, chegou a dizer que o STF terá “o seu grande julgamento ao julgar o mensalão”.
          Respondendo pela presidência da Corte, o ministro Marco Aurélio Mello reagiu de imediato. Afirmou que “o Supremo Tribunal Federal não é julgado. O Supremo julga e tem a última palavra. É uma visão equivocada da ministra Eliana. Não estamos preocupados em formar a minoria ou a maioria no julgamento”.
          Ainda assim, caso prevaleçam algumas teses de defesa já reveladas, não se deve apostar em muitas punições. Não será surpresa se, absolvido, alguém sair do Tribunal pleiteando indenização por danos morais e invasão de privacidade.
          Na Praça dos Três Poderes, exala incômodo cheiro de pizza. Ninguém se arrisca a apontar sua origem, até porque, na mesma área, acontece a CPI Cachoeira.
          Apesar desse ceticismo, a esperança é de que o Judiciário julgue com isenção e serenidade, assegurando aos réus ampla defesa e não permitindo linchamentos sumários.
          Grata, a democracia sairá fortalecida.   

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