sábado, 11 de agosto de 2012

AVALANCHE SILENCIOSA

             Achar que catástrofes são apenas naturais ou ambientais é tão equivocado quanto acreditar que brigas só existem entre marido e mulher.
             Terremotos, tsunamis, inundações e epidemias são realmente fatos desastrosos.
   Mas há vários outros agentes causadores de tragédias, entre eles a negligência, a imperícia, a imprudência e a ganância do homem.
   Quando elas se mostram em toda sua intensidade, torna-se mais fácil o socorro às vítimas e a quantificação de perdas e danos.
              Difíceis são as que acontecem sorrateiramente, tipo doenças que se instalam e evoluem sem que sejam notadas. Não provocam ondas gigantes, desmoronamentos, naufrágios ou efeitos especiais. Apenas sequelas abstratas, que o tempo se encarregará de tornar perceptíveis. A essa altura, a reação será indesejável, mas por certo inevitável.
              O direito de calar-se, invariavelmente exercido pelos suspeitos de cumplicidade no caso, tem ridicularizado a “CPI do Silêncio”, incumbida de apurar o escândalo Cachoeira. Numa sequência afrontosa e irritante, deputados e senadores são transformados em bobocas, enquanto o povo banca o custo da palhaçada. A recompensa é que, de vez em quando, por lá aparecem a atual e a ex-mulher de Cachoeira, desfilando beleza e exuberância física em que todos se ligam.
             Ao mesmo tempo, no Supremo Tribunal Federal, renomados e bem pagos advogados ocupam a tribuna para defender os acusados de participar do “mensalão”, um dos maiores escândalos da nossa história política. Até aí tudo bem; todos têm direito a defesa. Mas são irritantes os ridículos argumentos e a desfaçatez com que afrontam as evidências dos fatos e a inteligência do mais leigo observador. Se depender desses protetores, a “quadrilha dos inocentes” sairá do STF absolvida e canonizada.
             São demonstrações de que o Brasil está sendo devastado por um exército de contraventores do colarinho branco, desafio a uma democracia conquistada sob enormes sacrifícios.
             Pior é não poder confiar nas equipes de salvamento, impregnadas por elementos suspeitos de autoria ou coparticipação nas mazelas que se pretende combater.
            O processo vem de longa data, encobrindo vergonhosa série de escândalos milionários. Basta lembrar os sanguessugas, os anões do orçamento, o Fórum do TRT paulista, o Banco Marka, os vampiros da saúde, entre os mais “cabeludos”.
            O resultado é essa avalanche silenciosa, provocada por mentiras, tramóias, dissimulações, jogos de interesse e outras formas de corromper. Uma catástrofe que sepulta esperanças de justiça, tornando cada vez mais gritantes e acentuados nossos desníveis sociais.
            Enquanto isso, o Brasil segue empilhando mortos de raiva e arrependimento, ao lado de feridos no bolso e na dignidade. Coisas de patropi.



                       

2 comentários:

  1. O povo paga o custo das palhaçadas (CPI Cachoeira e Mensalão) enquanto as Universidades Federais estão em greve por falta de investimento no ensino...
    Como um francês disse há tempos atrás: " Este não é um país sério".

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  2. vai dar em pizza como tudo nesse pais varonil

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