Mesclando resultados previsíveis e algumas
indisfarçáveis surpresas, 2012 passará à história como sendo um ano de
importantes decisões eleitorais.
Em vários países estratégicos, as populações
elegeram novos mandatários, envolvendo mudanças que poderão contribuir para
solução ou agravamento de problemas próprios ou mundiais.
Ainda em março, confirmando previsões,
Vladimir Putin conquistou pela terceira vez a presidência da Rússia, com a
promessa se dedicar à modernização da economia e ao avanço tecnológico do país.
A
primeira grande surpresa aconteceu na França, onde nem a condição de marido de
Carla Bruni evitou que o conservador Nicolas Sarkozi fosse derrotado pelo
socialista François Holland, numa troca de seis por meia dúzia.
No México, a mudança foi radical. O Partido
Revolucionário Institucional (PRI), que já comandara o país por mais de sete
décadas, retomou o poder que há doze anos estava nas mãos de seus opositores. A
vitória ficou com Enrique Peña Nieto, herdeiro de uma dura batalha contra os
cartéis de traficantes de drogas que fizeram do México um covil de violência.
Lastimável foi o desfecho eleitoral
venezuelano, onde o indefectível Hugo Chávez reelegeu-se para mais um mandato
de seis anos. Se viver para cumpri-lo, somará vinte anos na presidência da
Venezuela.
A movimentação no Brasil girou em torno das
eleições municipais, vistas como uma largada para o pleito de 2014. Por mais que os adversários tentem minimizar,
a grande façanha coube a Fernando Haddad,
o desacreditado concorrente que ganhou a prefeitura da cidade de São Paulo.
Pouco interessa se o mérito é do ex-presidente Lula, que, com habilidade e
prestígio, conseguiu erguer o segundo “poste” no cenário político nacional. O
importante foi assumir o comando da maior e mais importante cidade do país,
vislumbrando, quem sabe, a possibilidade de esse “poste” se tornar mais
luminoso em 2018.
Mas a apoteose ficou por conta da reeleição de Barack Obama, com mais de
60 milhões de votos. Os americanos deram
ao mundo mais um dignificante exemplo de maturidade política e civilidade,
exercitando em grande escala o direito de votar, ainda que a isso não estivessem
obrigados. Os candidatos, por sua vez, demonstraram classe e categoria,
respeitando-se mutuamente, antes e depois da contenda. O republicano Mitt
Romney, candidato derrotado, foi um adversário difícil, a ponto de valorizar o
resultado. Quanto a Obama, sempre cativou, não apenas como presidente dos
Estados Unidos, mas pelo seu modo carismático de agir, simples, cordial,
afetuoso, rigoroso ou condescendente, na medida certa. Sua vitória foi a
vitória do equilíbrio e da razão. “Vocês votaram por ação, não pela política de
sempre. E tendo ou não recebido seu voto, eu ouvi vocês, aprendi com vocês. E
vocês me fizeram um presidente melhor”, disse ele, já na condição de vencedor.
Em seguida, acrescentou que “somos maiores do que a soma de nossas ambições individuais
e continuamos maiores do que uma coleção de estados vermelhos (republicanos) e
azuis (democratas). Somos, e para sempre seremos, os Estados Unidos da
América”. O mundo aplaudiu!
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