Mesmo habituada ao
descaso e à irreverência com que costumam ser tratados seus grandes vultos, a
comunidade valadarense não abandona a esperança por decisões e atitudes reparadoras
de iniquidades. Quando elas acontecem, nota-se um alívio quase subliminar,
próprio dos que guardavam na consciência o remorso da ingratidão, mas bem
característico dos que se sentem recompensados diante da justiça.
Em 2
de maio de 2012, Valadares
perdeu o padre Eulálio Lafuente, uma de suas mais queridas e respeitadas
figuras.
De
origem espanhola, veio para o Brasil no início da década de cinquenta, junto
com outros padres escolápios, chegando a Governador Valadares em 1953.
Aqui, sua primeira missão foi a de professor e
diretor do Colégio Ibituruna, onde, por longos anos, desenvolveu magnífico
trabalho. Na época, ali estudaram muitas das figuras hoje responsáveis pelos
destinos desta cidade, inclusive algumas de nossas lideranças políticas.
À frente da Paróquia Nossa Senhora
das Graças, a partir de 1971, mais uma vez se destacou por inúmeras e
importantes ações pastorais, sociais e humanitárias.
Excelente educador, exerceu com firmeza e
eficiência, por quase trinta anos, a direção da Escola Municipal Teotônio
Vilela, consolidando-a como uma das principais conquistas do bairro Maria
Eugênia e da grande área a que serve, freqüentada por mais de três mil alunos.
Um de seus muitos admiradores, o mestre Luizinho
(Luiz Alves Lopes), coordenador do Núcleo Penal da Faculdade de Direito Vale do
Rio Doce (Fadivale), escreveu, há pouco tempo, interessante artigo sobre o memorável
sacerdote. Entre outras coisas, lembrou a pessoa simples que, por anos e anos,
com surrada blusa de frio e simplória pasta preta sob os braços, deslocava-se
para inúmeros bairros da periferia, “levando aos deserdados uma palavra de
esperança”. Fazia isso a pé ou de ônibus. Não aceitava ser “levado” por
ninguém. Dispensava carona e preferia andar sozinho.
Diante do muito que dele recebeu,
Valadares deve a padre. Eulálio homenagens de todo tipo, em agradecimento pelo
conjunto de sua obra.
O acerto de contas teve início na
última quinta-feira (21), quando o educandário Teotônio Vilela passou a
chamar-se Escola Municipal Padre Eulálio Lafuente Elorz, iniciativa aclamada
por toda a comunidade.
A troca de nomes só foi dificultada
pela importância histórica de Teotônio Vilela, também alvo de grande admiração.
Mas, em termos de homenagens, o
ilustre e saudoso político alagoano está bem aquinhoado, com seu nome
merecidamente incrustado em marcos que se espalham por todo o país. Por certo,
não se aborreceu ao ser substituído por um simples e humilde pastor, que, com
honra, dignidade e persistência, realizou um trabalho de gigantes. Na dimensão
em que ambos se encontram, devem ter brindado à iniciativa. Valadares também!
E qual é a sua contribuição para conscientizar a população da sua responsabilidade na eleição das "autoridades" .
ResponderExcluirA meu ver os únicos responsáveis, são os eleitores . E isso tem que ser divulgado.