sábado, 8 de junho de 2013

CAMINHOS TRÁGICOS

           Habituado a conviver com acidentes fatais que costumam enlutar os finais de semana prolongados, o valadarense recebeu com alívio o balanço do movimento nas estradas que cortam o município, no último feriadão. De acordo com as polícias rodoviárias, apenas uma ocorrência foi registrada no período, sem mortos. E ninguém foi preso por desrespeito à Lei Seca.
            Em termos estaduais a tranqüilidade não se repetiu. Cerca de novecentos acidentes aconteceram na temporada, causando perto de trinta vítimas fatais.
Também no âmbito nacional a coisa esteve de mal a pior. Foram mais de 34 mil acidentes e quase 1.500 mortes. Nada menos de 750 autuações e 250 prisões de bebuns que dirigiam embriagados.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), houve expressiva queda no número de mortes nas pistas federais, em comparação com o mesmo período de 2012. O balanço oficial indica baixas também no índice de acidentes e na quantidade de feridos.
Mesmo reduzidos, em relação ao ano passado, os números são altos e inadmissíveis. Na avaliação do engenheiro civil Silvestre Andrade, mestre na área de transportes, “essa quantidade de acidentes é uma loucura”.
 As autoridades, como de praxe, posam de inocentes, insinuando que esse quadro catastrófico resulta apenas da negligência, imperícia ou imprudência, quando não da irresponsabilidade dos motoristas. Raramente surge alguém com a dignidade de admitir que a situação seja também conseqüência da precária condição de nossas rodovias, onde predominam o obsoletismo, a má sinalização, a péssima conservação e uma deficiente fiscalização. Sem falar no descontrolado aumento da frota de veículos e na falta de investimentos no setor.
Em reportagem publicada na última terça-feira (04), o jornal Estado de Minas denuncia a limitação nos gastos em melhoria das estradas federais em Minas, que, entre 2011 e 2012, ficaram na metade do previsto. Mostra ainda que a redução se repete em praticamente todo o país.
Enquanto isso, não faltam recursos para obras supérfluas, para sustento de gigantesca máquina pública e para alimentar insidiosa corrupção.
No Brasil há o impostômetro, para a medir a quantidade de tributos pagos até determinado momento. Criou-se, agora, o sonegômetro, que aponta a média de quanto a nação está perdendo com a sonegação de impostos.
O jeito será instituir o acidentômetro e o obtômetro, para saber, em tempo real, a quantidade de vitimas que alimentam a mórbida estatística dos desastres rodoviários. Diante deles, pode ser que, ao invés de contabilizar mortos e feridos, o governo prefira investir em modernidade e segurança. Países evoluídos agem dessa forma.

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