Certos
de que o cenário acarretará aumentos nas taxas de juros, especialistas temem
que isso possa comprometer ainda mais as metas de crescimento para este ano.
Em
entrevista publicada por O Globo (30.05), o renomado economista Armando Castelar
Pinheiro afirmou que “o modelo do governo para tentar aquecer a economia se
esgotou. Estamos com crescimento baixo, piora das contas públicas e inflação em
alta”. Ainda segundo ele, “a política tinha de ter mudado há dois anos, quando
economistas alertaram que o modelo de incentivo ao consumo não seria
suficiente, que o certo era focar em investimento”. Castelar recusou-se a
comentar a necessidade de troca da equipe econômica, dizendo que “ao que
parece, grande parte das medidas são decididas pela presidente”.
Como
se não bastasse esse novo vexame, o Brasil acaba de despencar cinco posições no
ranking de competitividade internacional. Ficou em 51º lugar entre 60 países
participantes. A classificação foi divulgada na última quinta-feira (30), pelo Centro
de Competitividade do IMD Business School, uma das mais importantes escolas de
gestão européias.
No
ano passado, o Brasil ocupava a 46ª posição, numa lista onde, em 2010, era o
38º colocado.
O
estudo se baseia em dados estatísticos nacionais e internacionais e em pesquisa
de opinião feita com executivos.
O
próprio IMD esperava o Brasil numa posição bem melhor. Mas, segundo seu diretor
Stephane Garelli, o grande problema da nação é “muito consumo e pouca produção".
Já o responsável pela coleta de
dados no país, professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, disse que o
fraco desempenho do PIB é consequência direta da baixa competitividade da
economia brasileira. "Ainda temos problemas com o marco regulatório para o
setor de infraestrutura, com elevada carga tributária, com grandes custos de
logística e de transporte. Estamos crescendo por causa da agricultura e do
consumo das famílias, mas isso não é suficiente", afirmou, acrescentando
que "o Brasil precisa ter um senso de direção, um bom plano de
investimento e persegui-lo".
Nessa
edição do ranking, pela ordem, os três primeiros lugares são ocupados por
Estados Unidos, Suíça e Hong Kong. Os três últimos estão com Croácia, Argentina
e Venezuela.
Deixando
de lado as considerações técnicas, o Brasil precisa levantar-se do berço
esplêndido e cair na real.
Recorrentes
insucessos mostram que o padrão de desenvolvimento seguido por nossas
autoridades está ultrapassado, exigindo urgentes mudanças. Coisa que não se
conseguirá na base da improvisação, de ações populistas, de promessas enganosas
e de discursos triunfalistas. Há que se ter humildade de reconhecer os erros e
de confiar sua correção a quem de fato saiba fazê-la. Chega de enganadores, embusteiros
e incompetentes.
Do contrário,
continuaremos amargando colocações humilhantes, em competições que até
poderíamos liderar. Ainda bem que, no ranking de competitividade, nos restou o
consolo de suplantar a Argentina. Não é muito, mas vale comemoração.
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