domingo, 2 de junho de 2013

COMPETITIVIDADE EM QUEDA

            O desempenho da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano foi outra vez decepcionante. A fraca atuação da indústria, a retração nos investimentos, a inflação crescente e a queda da capacidade de consumo das famílias estão entre os fatores que contribuíram para que o PIB do período crescesse apenas 0,6%. Esse pífio resultado frustrou o mercado, que apostava num aumento em torno de 1%.
            Certos de que o cenário acarretará aumentos nas taxas de juros, especialistas temem que isso possa comprometer ainda mais as metas de crescimento para este ano.
            Em entrevista publicada por O Globo (30.05), o renomado economista Armando Castelar Pinheiro afirmou que “o modelo do governo para tentar aquecer a economia se esgotou. Estamos com crescimento baixo, piora das contas públicas e inflação em alta”. Ainda segundo ele, “a política tinha de ter mudado há dois anos, quando economistas alertaram que o modelo de incentivo ao consumo não seria suficiente, que o certo era focar em investimento”. Castelar recusou-se a comentar a necessidade de troca da equipe econômica, dizendo que “ao que parece, grande parte das medidas são decididas pela presidente”.
            Como se não bastasse esse novo vexame, o Brasil acaba de despencar cinco posições no ranking de competitividade internacional. Ficou em 51º lugar entre 60 países participantes. A classificação foi divulgada na última quinta-feira (30), pelo Centro de Competitividade do IMD Business School, uma das mais importantes escolas de gestão européias.
            No ano passado, o Brasil ocupava a 46ª posição, numa lista onde, em 2010, era o 38º colocado.
            O estudo se baseia em dados estatísticos nacionais e internacionais e em pesquisa de opinião feita com executivos.
            O próprio IMD esperava o Brasil numa posição bem melhor. Mas, segundo seu diretor Stephane Garelli, o grande problema da nação é “muito consumo e pouca produção".
             Já o responsável pela coleta de dados no país, professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, disse que o fraco desempenho do PIB é consequência direta da baixa competitividade da economia brasileira. "Ainda temos problemas com o marco regulatório para o setor de infraestrutura, com elevada carga tributária, com grandes custos de logística e de transporte. Estamos crescendo por causa da agricultura e do consumo das famílias, mas isso não é suficiente", afirmou, acrescentando que "o Brasil precisa ter um senso de direção, um bom plano de investimento e persegui-lo".
                Nessa edição do ranking, pela ordem, os três primeiros lugares são ocupados por Estados Unidos, Suíça e Hong Kong. Os três últimos estão com Croácia, Argentina e Venezuela.
            Deixando de lado as considerações técnicas, o Brasil precisa levantar-se do berço esplêndido e cair na real.
            Recorrentes insucessos mostram que o padrão de desenvolvimento seguido por nossas autoridades está ultrapassado, exigindo urgentes mudanças. Coisa que não se conseguirá na base da improvisação, de ações populistas, de promessas enganosas e de discursos triunfalistas. Há que se ter humildade de reconhecer os erros e de confiar sua correção a quem de fato saiba fazê-la. Chega de enganadores, embusteiros e incompetentes.
Do contrário, continuaremos amargando colocações humilhantes, em competições que até poderíamos liderar. Ainda bem que, no ranking de competitividade, nos restou o consolo de suplantar a Argentina. Não é muito, mas vale comemoração. 

 

 

 

 

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