Desde quando entrou na ordem do dia,
o projeto transformou-se em polêmica nacional.
Após muitas idas e vindas, a
terceira tentativa de licitação estava marcada para o próximo mês.
Havendo um só interessado, o governo se viu obrigado a promover novo
adiamento do certame, por pelo menos um ano. Com isso, o projeto não deverá
sair do papel até o término do (atual) mandato de Dilma Rousseff.
Nas rodas oficiais, comenta-se que o TAV perdeu a prioridade.
Inicialmente estimado em R$ 14
bilhões, o valor do empreendimento já quase triplicou, acreditando-se que
poderá ir além de R$ 50 bilhões.
Devido a esse elevado custo e às
dúvidas quanto à sua efetiva necessidade, o trem-bala vem recebendo severas
críticas.
Grande parte da opinião pública prefere
que o governo invista em trens suburbanos, metrôs e Veiculo Leve sobre Trilhos
(VLT) que facilitem a mobilidade nos grandes centros, bem como em trens comuns
e ferrovias regionais que contribuiriam para diminuir a movimentação nas
rodovias.
Num país onde a marcação de uma
consulta médica pelo SUS costuma demorar 12 meses ou mais; onde estudantes da
zona rural perdem horas percorrendo enormes distâncias entre seus lares e as
escolas; onde flagelados pela seca caminham quilômetros em busca de água, não
há como correr atrás do conforto e velocidade de um trem-bala. A prioridade deve ser a "saúde
bala", "educação bala" e “justiça social bala”; o resto é insensatez!
Cogitar de TAV é o mesmo que um cidadão comum investir em um helicóptero
para uso pessoal, enquanto sua família continuará refém do transporte público.
Controvérsias e mazelas à parte, o
Brasil deve conformar-se e sentir-se honrado por possuir o “Trem das Onze”. Criado
sem ajuda do governo, sem licitação e sem pagar propinas, o comboio de Adoniran
Barbosa, puxado pelos Demônios da Garoa, está sempre nas paradas, transportando
a alegria de passageiros que nunca perdem “esse trem”, com ou sem bala.
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