Nada
mais justo do que propalar aquela que se incluía entre as melhores festas
carnavalescas de Minas Gerais. Fase esplendorosa, muito bem relembrada por
Márcio Castelo Branco, na sua coluna do último domingo.
Além
de dar alegria ao povo, era importante fator de desenvolvimento, atraindo
turistas, aquecendo o comércio e divulgando o nome da cidade.
Mas
o cenário que sustentava aquele apogeu foi aos poucos se modificando.
Cresceu
a malha rodoviária, o transporte coletivo tornou-se mais moderno, ágil e
confortável, enquanto as viagens em veículos próprios viraram moda, deixando de
ser privilégio de poucos.
Com o progresso,
praias, resorts, estâncias hidrominerais, pousadas e outras atrações ficaram
mais próximas, acessíveis e atraentes.
As
consequências para o carnaval interiorano foram inevitáveis: reduziu-se o apoio oficial, os clubes perderam interesse, o
amadorismo ficou insustentável, tudo porque a relação custo/benefício resultou
desfavorável.
Sobreveio um
impiedoso declínio.
Quando tudo parecia
perdido, ressurgiram os blocos de rua, que vêm oferecendo um carnaval
antecipado de ótima qualidade. Festa no melhor estilo popular, informal, e
descontraído, onde a única exigência é a animação. Nada de clubes, ingressos,
convites, reservas de mesas, camarotes ou luxuosas fantasias. Cada qual vai quando
e como quiser. Até o abadá, às vezes vendido com fins filantrópicos, é
facultativo.
No
último fevereiro, repetindo o que vêm fazendo há quatro ou cinco anos, esses
blocos “esquentaram” os finais de semana valadarenses.
O destaque ficou por
conta do “Trupico do Lalá” e do “Imorais”, na Ilha dos Araújos. Em sua
derradeira apresentação, 22/02, conseguiram arrastar pelas ruas do bairro cerca
de 30 mil foliões, ao som de belas e antigas marchinhas.
Em
outros dias e locais também houve animadas festas, entre elas o “Carnapina”, no
Morro do Carapina; o “Carnaval Comunitário”, no Bairro São Pedro; o “Bloco dos
Boi”, no Bairro Vila Bretas; sem contar os agitos nos clubes, boates e bares”.
Ainda é cedo para garantir,
mas são fortes os indícios de que, mesmo fora de época, o carnaval valadarense ressurgiu,
e com muito vigor.
O
formato pode não ser exatamente igual ao que deixou saudade. Mas tem tudo a ver
com a garra e o espírito festivo da geração atual, onde jovens de todas as
idades dançam o mesmo ritmo, sem deixar a peteca cair. É a galera empolgada que também faz bombar a Festa
da Fantasia, o GV Folia e outras grandes promoções.
A
cidade cresceu, a comunidade se espalhou, e cada grupo conquistou seu espaço. Nele
se dá ao luxo de cultivar hábitos, costumes e estandartes próprios. Daí a certeza
de que novos blocos aparecerão.
A realização, que a
cada ano faz maior sucesso, tende a crescer. Já merece figurar na agenda de
eventos da cidade.
Talvez comporte alguns ajustes, visando melhor
harmonizar seus interesses com os da comunidade. Nada de burocracias,
politicagens ou invenções de moda. Apenas o necessário para que a coisa aconteça
dentro dos padrões de segurança e das normas de boa convivência. Todos têm a
ganhar.
De momento, é muito
importante o apoio institucional e da classe empresarial. O resto pode-se deixar
por conta dos foliões, “sem medo de ser feliz”!
- Jornal de Domingo
- Diário do Rio Doce
Nenhum comentário:
Postar um comentário