As reações que antecederam
a abertura do evento faziam crer que ele não vingaria. Na melhor das hipóteses,
seria bastante tumultuado por manifestações e movimentos que lhe eram
contrários. Muitos apostavam no seu fracasso, tamanhas eram as críticas e
ameaças vindas das mais diversas correntes. Foi preciso muita coragem e determinação, para
que não morresse no nascedouro.
Chegada a hora de a
bola rolar, tudo se encaixou. Os adversários recolheram suas armas, enfiaram a
viola no saco, e o clima de Copa se instalou.
Como previsto, chegaram
ao país 32 seleções, inclusive as oito que já foram campeãs mundiais. Com elas
vieram 736 jogadores, mais técnicos, dirigentes, médicos, fisioterapeutas,
massagistas, roupeiros, cartolas e outros agregados que normalmente engordam as
comitivas participantes, afora familiares.
A
estimativa oficial falava em 600 mil turistas estrangeiros e 3,1milhões de
turistas brasileiros curtindo o evento. Gente que durante todo o tempo lotou
estádios, ruas, hotéis, restaurantes e bares, para assistir aos jogos. Uma
temporada fervilhante, repleta de emoções, quando o Brasil pôde mostrar seus
dotes naturais a visitantes que também se encantaram com a hospitalidade e o
carinho de que foram alvo.
Para
tristeza dos milhões de brasileiros e estrangeiros, hoje tudo termina; a
cortina se fecha.
Logo
mais, num Maracanã certamente lotado, Alemanha e Argentina jogarão a última
partida. O vencedor será o campeão do torneio.
Não
é o fechamento que o brasileiro esperava.
Entre
nós, o desejo era que a Seleção Canarinho fosse uma das protagonistas da grande
final. Além de um prêmio ao esforço e aos sacrifícios feitos para que a Copa se
tornasse realidade, seria a sonhada oportunidade de sepultar a tristeza pela
perda do Mundial de 1950, no mesmo palco onde ocorreu a tragédia.
Além
de impedir que isso acontecesse, o destino “pegou pesado” com nosso time,
expondo-o a humilhante resultado, na Semifinal, quando o selecionado
alemão lhe aplicou a impiedosa goleada de 7 a 1.
Restou-nos
a oportunidade de disputar com a Holanda um melancólico terceiro lugar, em
partida realizada ontem, antes de este texto ser produzido. Pouco importa se
ganhamos ou perdemos. O ambicionado HEXA já havia se convertido em vergonhoso “vHEXAme”.
Mas
a Copa ainda “rola”, no seu momento culminante.
A
partida de logo mais, entre Argentina e Alemanha, tem tudo pra ser antológica.
Será
a terceira vez que as duas seleções se encontram numa final de Copa do Mundo. Uma
batalha de gigantes que se torna a mais repetida em decisões de Mundiais. Nas
duas primeiras edições, houve uma vitória para cada time.
Consta
que, além do interesse universal, a partida de hoje está provocando verdadeiro
“barraco” nos bastidores do Vaticano. É que, enquanto Los hermanos têm as bênçãos
e a torcida do conterrâneo Papa Francisco, a Alemanha não fica atrás, em termos
de preferência pontifícia: o Papa Emérito
Bento XVI, puro sangue germânico, está on-line com o Céu, “costurando” em favor
de seu time.
Nessa
guerra papal, um brigando pela Argentina, outro pela Alemanha, é bem provável que
Deus fique neutro e volte a ser brasileiro, ainda que tarde demais!
- Jornal de Domingo
- Diário do rio Doce
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