domingo, 26 de julho de 2015

SINUCA DE BICO

            Chega a hora em que não se pode mais ficar concentrado em acontecimentos recorrentes, sobretudo quando eles nada têm de positivo, estimulantes ou agradáveis. Pelo contrário, são profundamente incômodos e execráveis, não apenas por serem repetitivos, mas pelo seu conteúdo indigesto, não raro afrontoso à inteligência e à cidadania de quem a eles assiste.
            É o caso dos periódicos escândalos republicanos. Ocupando os espaços mais nobres dos meios de comunicação, eles há muito vêm “torrando” a paciência popular.
Nos últimos anos, a situação piorou. Não se fala em outra coisa senão em bandidos de colarinho branco que roubam a cena, saqueando os cofres públicos. Destaque para os badalados personagens do “mensalão”, do “petrolão” e de outros recentes e vergonhosos episódios da vida nacional.
Os tolos que se amarram nesses lances não sabem ou não percebem que há coisas mais interessantes pra ver.
Ainda agora, desenrolam-se os Jogos Pan-Americanos de Toronto, mostrados em tempo real, um espetáculo imperdível.
O Brasil se faz presente, exibindo surpreendente evolução em várias modalidades desportivas. Tem alcançado resultados históricos e aparece como a terceira melhor delegação de certame. Até a última sexta-feira, havia conquistado 121 medalhas, sendo 34 de ouro, bem mais do que Cuba, Colômbia, México, Argentina e outros tradicionais “bichos-papões” de troféus.
Para os que não são chegados ao esporte, a pedida é se servir de um bom vinho ou de um legítimo scotch, acomodar-se numa confortável poltrona, se possível bem acompanhado, e curtir na telinha as emoções de “Desejos Secretos”.
A meganovela da Globo está  “matando”.  Exibida nos fins de noite, ela mostra o submundo da prostituição de luxo, camuflado pelo glamour do universo da moda.
Com bom elenco, esmerado acabamento e bem dosado erotismo, o folhetim tem levado os telespectadores à loucura, exibindo cenas excitantes, interpretadas por atores de grande beleza física. Coisa pra ninguém botar defeito.
Convenhamos, pois, não haver justificativa para permanecer fissurado no noticiário político-econômico, que cuida apenas de gente safada e suas bandalheiras, ou de situações em que o povo só ganha quando perde pouco.
As óbvias exceções ficariam por conta das matérias que despertem alguma esperança, tipo as que falem de possíveis mudanças no comando do país. Mas até nessa hipótese específica o brasileiro se sentiria hoje numa sinuca de bico.
Se, por alguma das várias razões já diagnosticadas e amplamente conhecidas, Dilma Rousseff decidisse “jogar a toalha”, ou fosse ejetada do trono presidencial, seu substituto automático seria o vice-presidente Michel Temer, que pouco tem de admirável, além de uma bela esposa. Na linha sucessória, viriam, pela ordem, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha; o presidente do Senado, Renan Calheiros; e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowisk, figuras tão queridas quanto o horário eleitoral gratuito.
No caso de uma nova eleição, as opções naturais seriam os clássicos Aécio Neves, Geraldo Alckmin, José Serra e Marina Silva, políticos determinados e corajosos, que, na oposição, têm sido quase tão competentes e brilhantes quanto os craques da Seleção canarinho. Na disputa, se ele ainda reunir condições “técnicas” para fazê-lo, certamente estaria o emérito palestrante Lula “Brahma” da Silva, cada vez mais experiente na arte de embromar.

Melhor assistir ao “Domingão do Faustão”. O sacrifício será menor!

- Diário do rio Doce - 26.07.2013

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