domingo, 15 de novembro de 2015

AINDA É CEDO

Incorporou-se definitivamente ao anedotário brasileiro o sermão daquele padre que, na missa dominical, após fazer apologia das vantagens celestiais, perguntou aos fieis:
            - Quem quer ir pro Céu?
Todos levantaram as mãos.
            Arrematando, o sacerdote indagou:
 - Agoooora?!
Nenhum braço permaneceu erguido.
A intenção do sacerdote era mostrar que tudo tem sua hora de acontecer. Não convém precipitar.
É mais ou menos o que se passa com a presidente Dilma Rousseff.
Antes, já se cogitava em vê-la pelas costas. Depois de janeiro, entretanto, quando ela iniciou seu segundo mandato, conquistado na base de inverdades e promessas enganosas, só se ouve “fora Dilma”. O grito está na boca de trabalhadores, aposentados, homens, mulheres, jovens e velhos de todas as idades. Ganhou as ruas, a mídia e se tornou a palavra de ordem nacional.
Ao que parece, todos a querem fora do poder.
No meio empresarial, esse desejo é indisfarçável, mas fica reprimido nos  bastidores. Por motivos óbvios, não pode ser escancarado.
Parlamentares da oposição já entregaram a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, dois pedidos de impeachment da madame. Ambos elaborados a quatro mãos, pelos famosos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo. Este último, ironicamente, fundador do Partido dos Trabalhadores.
Nem mesmo os petistas e os demais integrantes da presumível base aliada do governo estão coesos. Muitos não escondem o “sonho” de ver sangue novo no Planalto.
Mas o que estaria “pegando” para que isso aconteça?
O medo de um conflito institucional não faz sentido. Apesar de toda a bagunça que se vê, nossas instituições têm se mostrado firmes e fiéis aos princípios constitucionais.
Também não caberia o receio de agravamento da crise econômico-financeira e social, pois, ao que parece, pior do que está não tem como ficar.
Talvez se entenda uma preocupação quanto ao eventual sucessor de Dilma. Se a escolha ficar entre Michel Temer, Eduardo Cunha, Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski a coisa torna-se complicada. Seria trocar seis por menos do que meia dúzia.
Como em política toda conjetura é válida, há os que se apegam a uma explicação revestida de alguma lógica.
Até os mais leigos no assunto sabem que, depois dos desacertos administrativos e das falcatruas cometidas nos últimos anos, a recuperação do país requer ações duras e impopulares. Mas ninguém quer ser responsável pela sua adoção. Quem pariu Mateus que o embale!
Bem ou mal elaborada, encontra-se sob a apreciação do Congresso Nacional uma série de medidas que, se implementadas, provocarão enorme descontentamento popular. Entre elas, a volta da famigerada CPMF, que, em passado recente, tanto dinheiro extorquiu dos brasileiros.
A estratégia consiste em esperar que essa “caixa de maldades” seja aprovada sob a pressão e o patrocínio do governo atual. Uma vez identificada como a “mãe da criança”, Dilma poderia ser jogada aos leões. .
Assim como na homilia dominical, o povo quer que a presidente saia. Seus substitutos legais também querem, mas não têm pressa.

Pelo menos no desejo, todos se unem. Já é um alento!

- Diário do Rio Doce
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