quinta-feira, 15 de março de 2018

EM DEFESA DAS ARMAS DE DEFESA


Por Etelmar Loureiro
           
Imaginemos uma família, de férias, hospedada numa casa de campo, em área mais retirada. Certa noite, todos dormindo, a mulher acorda, com um barulho vindo da varanda dos fundos. Levanta-se, olha por uma fresta da janela, e identifica dois indivíduos, tentando abrir a porta de entrada. Na residência estão o casal e duas filhas menores. Assustada, ela cuidadosamente desperta o marido, e relata o que viu. Ele logo se levanta, confirma os fatos, coça a cabeça, e começa a pensar em como agir. Sabe que o risco é grande, iminente, e exige atitude rápida. Ligar para o 190 não resolveria; na redondeza inexiste Polícia Militar. O vizinho mais próximo não tem telefone. Gritar seria inútil; ninguém ouviria. Aflita e desorientada, a mulher sugere que ele pegue o revólver e dê uns tiros para o alto, na tentativa de expulsar os assaltantes. É quando se dão conta de que não mais possuem armas em casa; tê-las é proibido. E agora, José?!
            Essa é apenas uma das muitas contingências que têm provocado a reprovação do Estatuto do Desarmamento, sancionado pelo então presidente Lula, em 2003.
            No clima de insegurança e violência urbanas reinante no país, haja vista o que acontece no Rio de Janeiro, a grande maioria dos brasileiros tem se manifestado favorável a que seja facilitado o acesso às armas de fogo.
            Sob análise no Congresso Nacional existem vários projetos de lei, nesse sentido.  O que mais se aproxima de decisão pertence ao deputado Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC). Propondo flexibilizar as regras em vigor, entre outras mudanças, ele garante a todos os cidadãos o direito de possuir arma de fogo, sem precisar comprovar a necessidade de uso, sob as condições legais. Há previsão de que a matéria seja brevemente colocada em pauta, durante a votação de uma agenda prioritária na área de segurança pública, prometida pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
            Em 2005, os brasileiros foram chamados a opinar sobre a manutenção ou suspensão do comércio de armas. Quase 64% dos votantes optaram pela primeira hipótese. Derrotado nas urnas, o governo federal impôs uma legislação tão complexa, que praticamente inviabilizou a aquisição de uma arma, pelo cidadão comum.
            Se a intenção era reduzir a criminalidade e poupar vidas, o tiro saiu pela culatra. As estatísticas mostram que, desde então, a quantidade de homicídios aumentou em cerca de 20%, ultrapassando a marca de 60 mil assassinatos anuais.
            Nesse contexto, o cidadão de bem vem lutando por igualdade de direitos, ou seja, os de possuir e usar, em defesa própria, de sua família e de sua propriedade, armas semelhantes às que os bandidos utilizam para ferir ou matar.
            Nas mãos de um delinquente, de um doente mental, de alguém acometido de súbito transtorno físico ou emocional, um revólver pode de fato tornar-se utensílio arrasador.  De qualquer forma, é melhor tê-lo e não precisar usar, do que precisar usar e não tê-lo.
Também é bom lembrar que, entre outros, carros e cigarros são artigos igualmente mortais. Nem por isso já se cogitou proibir que fossem fabricados, comercializados e utilizados. A ganância tributária talvez explique isso.  
            Há um consenso de que “armas não matam pessoas; pessoas matam pessoas”. Consagrou-se, também, que “a legítima defesa é um direito do ser humano, e não um favor do Estado”.
            A essa altura, vem a calhar a reflexão de Thomas Jefferson, segundo a qual “as leis que proíbem o porte de armas desarmam apenas aqueles não são inclinados nem determinados a cometer crimes”. Que isso repercuta na consciência dos nossos legisladores!

- Diário do Rio Doce - 15.03.2018
                 

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