Se já não era
límpido, o horizonte político-eleitoral se tornou bem mais nebuloso, com a
prisão de Lula e a possibilidade de ele não participar do próximo pleito.
Bem
verdade que a saga judicial do ex-presidente ainda pode render muitos
capítulos. Seus habilidosos e competentes advogados se utilizam de todos os
recursos para livrá-lo das grades. Esperam contar até mesmo com a decisiva
ajuda do Supremo Tribunal Federal, onde não faltam ministros interessados em
acabar com as prisões de condenados em segunda instância.
Mas o Partido dos
Trabalhadores garante que, de uma forma ou de outra, seu maior líder estará no
páreo. Nas palavras do vice-presidente da legenda, Alexandre Padilha, não será
o PT que vai retirar Lula das eleições. “A lei estabelece que em agosto são
registradas as candidaturas. O nome de Lula estará lá. Vamos seguir a lei, e
caberá ao TSE avaliar esse registro. Lula continuará a ser nosso candidato, preso
ou não”.
Por sua vez, a
senadora Gleisi Hoffmann, presidente da sigla, não se cansa de repetir que
"o PT não tem plano “B”. Lula é e será nosso candidato. O candidato do
povo brasileiro”. Falta dizer, entretanto, que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) e o líder do MTST,
Guilherme Boulos, são mantidos no banco de reservas, em aquecimento.
Nas
outras raias da competição, entre certos e incertos, se acumulam mais de 20
nomes. O mais cotado tem sido Jair Bolsonaro (PSL), segundo colocado
nas pesquisas de intenção de voto. Os demais podem até surpreender,
mas ainda não merecem destaque.
A
grande dúvida gira em torno da participação de Michel Temer, que muitos
acreditam já ter decidido pela candidatura, mas se finge de morto, para ver
quem vem ao enterro. Certo é que ele precisa se reeleger, ou, quando nada,
fazer um sucessor que, de alguma forma, lhe assegure mais quatro anos de foro
privilegiado. Tarefa difícil para um campeão de impopularidade.
Também
em Minas Gerais muitos se apresentam como pré-candidatos ao governo do Estado.
Até agora, as preferências giram em torno de Fernando Pimentel (PT), Rodrigo
Pacheco (DEM), Dinis Pinheiro (PP) e Márcio Lacerda (PSB), não necessariamente
nessa ordem. O senador Antonio Anastasia acaba de entrar no páreo, graças a
muita pressão do PSDB e de políticos que o apoiam. Sua presença certamente
implicará substanciais mudanças no ranking eleitoral.
Nos
últimos dias, o que mais agitou o cenário político mineiro foi a intenção de
Dilma Rousseff concorrer ao Senado, por Minas. A decisão foi recebida com
grande entusiasmo pelas lideranças petistas estaduais, e tem a bênção de Lula.
No lado oposto, o deputado federal mineiro Marcelo Aro (PHS-MG) disse que o
fato “é melancólico”. Segundo ele, “espertos, os gaúchos não
quiseram se associar ao que restou do PT. Ela (Dilma) foi descartada pelos
próprios companheiros do partido no Rio Grande do Sul. É deprimente e assustador
que o PT mineiro tenha achado que nosso Estado é lugar de receber esse fardo”.
A
corrida eleitoral está no seu início. Até o momento, tem sido mínimo o
entusiasmo popular em relação ao pleito. A reversão desse quadro dependerá de
que os candidatos demonstrem caráter, credibilidade e disposição para não
repetir os erros e dolos cometidos pelos políticos atuais. Só assim o eleitor
se sentirá motivado a mostrar nas urnas qual é “o Brasil que eu quero”. Sem
necessitar de “selfie”!
- Diário do Rio Doce - 12.04.2018
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