Por Etelmar Loureiro
- Diário do Rio Doce - 26.04.2018
A
começar pelo Dia da Mentira, abril reúne várias datas comemorativas. Entre outras,
o Dia do Hino Nacional Brasileiro (13) e o Dia do Descobrimento do Brasil (22),
ambas bastante desgastadas, praticamente ignoradas pelos brasileiros. A quase
totalidade das demais não tem alcance nacional, e abrange apenas festejos
localizados. Feriado, mesmo, só no dia
21, quando em Brasília celebra-se o aniversário da cidade, e em todo o país homenagens são prestadas a Tiradentes.
Este
ano, entretanto, o quarto mês do ano incorporou outros episódios marcantes.
O primeiro deles foi
a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no último dia 07, por
condenação penal, coisa inédita na história do país.
No passado, outros ex-chefes de estado
brasileiros também foram parar na cadeia. Dessa relação fazem parte Hermes da
Fonseca, Washington Luis, Artur Bernardes e Juscelino Kubitschek. Nenhum deles,
entretanto, foi preso por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Após
permanecer dois dias entrincheirado na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do
ABC, em São Bernardo do Campo, o líder petista finalmente se entregou à Polícia
Federal, para cumprir prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro.
O homem que se dizia
intocável e imbatível capitulou, e está hoje recolhido a uma cela, como
qualquer delinquente. Pouco importa se lá permanecerá pelo tempo a que foi
condenado. Importa que sua prisão quebrou
a espinha dorsal da quadrilha que, por mais de uma década,
dilapidou os cofres públicos, certa de que jamais seria punida. Isso deixou com
as barbas de molho outros criminosos do colarinho branco, que adquiriram
consciência de sua vulnerabilidade perante a Lei.
Na sequência, 17/04,
o Supremo Tribunal Federal consagrou outra data digna de registro, acatando
denúncia corrupção e obstrução da justiça contra o senador Aécio Neves (PSDB).
Desde então, o tucano responderá ao processo penal na qualidade de réu, lhe
assegurado o direito a rebater a acusação com novas provas. Sua culpa ou
inocência só será decidida ao término da ação, em julgamento a cargo da
Primeira Turma do STF, a mesma que o indiciou.
No geral, a situação
de Aécio, antes tranquila e confortável, tornou-se extremamente complicada. O
neto de Tancredo Neves parece haver entrado num inferno astral sem retorno,
para o qual arrastou seu prestigio pessoal, o conceito familiar e as aspirações
políticas não apenas dele, mas daqueles que antes o apoiavam, inclusive o PSDB.
Não menos importante
no curso deste mês foi a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que,
em 24/04, rejeitou recurso apresentado por Eduardo Azeredo (PSDB), mantendo sua
condenação a mais de 20 anos de prisão. O ex-governador mineiro será punido
pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, no esquema que se popularizou
como “mensalão mineiro”.
Os tratamentos
dispensados a Aécio Neves e Eduardo Azeredo, ambos do PSDB, têm o mérito de
acabar com a história de que só os petistas são perseguidos e punidos pela
Justiça.
De tudo isso, resta
lamentar que as novas datas destacadas no calendário de abril envolvam fatos lastimáveis
e figuras que até há pouco tempo gozavam da irrestrita confiança popular, a
ponto de exercerem importantes cargos públicos, inclusive a presidência da
República. Hoje, despidos de seus poderes, e expostas suas condutas
indecorosas, apenas contribuem para ampliar o descrédito do povo em relação à
política e aos políticos de agora. Que venha logo a Copa do Mundo!
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