quinta-feira, 5 de julho de 2018

DE OLHO NO HEXA


Por Etelmar Loureiro

- Diário do Rio Doce - 05.07.2018
           
            As reações humanas surgem na hora certa; não há como antecipá-las.
            Pelo menos em copas do mundo, essa é a regra. O início da competição é sempre marcado pela desconfiança e pelo desinteresse de boa parte dos torcedores. É a fase em que muitos desconhecem ou ainda duvidam da capacidade de sua seleção.  Por isso, preferem ficar em casa, em pequenos grupos, para assistir às partidas.
Na Copa deste ano esse comportamento intensificou-se, sobretudo nos dias em que os jogos aconteceram em horários matinais, impróprios para se entregar aos agitos e desdobramentos do evento.
Em resumo, as multidões que lotam e animam bares, restaurantes, clubes, praças e outros logradouros públicos se formam naturalmente, à medida que a disputa avança. E isso está acontecendo, com saudável e crescente intensidade.
            Não obstante a forma categórica e brilhante como se classificou, a seleção Canarinho chegou à competição atual com uma credibilidade ainda abalada pela sua medíocre participação na Copa de 2014. A vergonhosa derrota de 7x1 para o time da Alemanha, em pleno Mineirão e sob os olhos de sua torcida, ainda não foi esquecida, tampouco perdoada. Nesse clima, o empate contra a Suíça (1x1), logo na primeira partida, contribuiu para que o torcedor mantivesse sua barba de molho.  O pessimismo, entretanto, foi se diluindo, e acabou cedendo espaço ao otimismo, graças aos dos resultados positivos alcançados nos jogos seguintes, em especial a boa vitória obtida contra a respeitável seleção mexicana.
            O grande torneio chegou às quartas de final. Das 32 equipes que o iniciaram, oito permanecem no páreo, e o Brasil é uma delas.
            Nessa fase, a nossa primeira rival será a seleção belga, em jogo marcado para as 15 horas de amanhã.
            As duas equipes se enfrentaram apenas uma vez em copas do mundo, com vitória brasileira de 2x0, gols de Rivaldo e Ronaldo Fenômeno. Isso aconteceu nas oitavas de final de 2002, ano em que a nossa seleção, comandada por Luiz Felipe Scolari, conquistou o pentacampeonato. Naquela época, embora o Brasil tenha vencido, a crítica destacou o seu confronto com a Bélgica como o mais difícil na briga pelo título.
            Se passar pelos chamados “demônios vermelhos”, nossa seleção terá dado um decisivo passo para a conquista do título.
            A Copa 2018 caminha para o seu final, acumulando um saldo extremamente positivo.
            Os jogos, de excelente nível técnico, têm sido empolgantes, disputados com garra, lealdade, determinação e muita persistência, haja vista que vários deles só foram decididos nos seus últimos momentos
Nesse frenético desenrolar, gratas revelações de talentos se misturam a justas consagrações e lamentáveis despedidas de craques responsáveis pela alegria de milhares de torcedores.
            Confirmando ser o futebol uma caixinha de surpresas, muitas das seleções tidas como favoritas decepcionaram e foram precocemente eliminadas, algumas já na primeira fase. Em contrapartida, equipes menos cotadas surpreenderam com um desempenho moderno e vigoroso, mostrando que também no futebol a renovação acontece. 
            O técnico do time belga, Roberto Martinez, disse que o Brasil é o favorito no jogo de amanhã. É bom não acreditar nisso. Ele teria dito a mesma coisa na última segunda feira, quando seu time enfrentou e desclassificou o Japão.
            O ideal é o Brasil jogar seu futebol da forma como vem fazendo até agora, ou até melhor, sempre consciente de que a grande dificuldade para chegar ao hexa será vencer a partida final.  

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