sábado, 7 de abril de 2012

SEM SUJEIRA

            Já em pleno vigor, a Lei da Ficha Limpa tem tudo para se transformar na grande vedete do próximo pleito.
Concebida para complicar a vida dos “tarja preta”, manda “pra cucuia” o candidato que teve o mandato cassado, renunciou para evitar a cassação ou foi condenado por decisão de órgão colegiado. Com certeza, enfrentará todo o tipo de resistência.
Retirada a fórceps do Congresso, nasceu contaminada e condenada a um sucesso duvidoso.
De cara, uma caprichosa ironia fez do senador Demóstenes Torres o seu relator.  
À exceção dele e da Polícia Federal, ninguém sabia que o até então ilustre político surfava na perigosa Cachoeira em que hoje está se afogando. Tanto assim que, em 2010, lhe foi dada a chance de prefaciar um livro editado pela OAB em comemoração à aprovação da Lei da Ficha Limpa. Foi quando, recorrendo a uma citação dos autores da obra, disse que "A norma se fez realidade por intermédio da atenta participação da sociedade brasileira, que não mais admite que os destinos da nação possam ser geridos por representantes que não possuem conduta adequada". Atirava no próprio pé.
 Não bastasse o DNA “demostenesiano”, a lei pode ter sua eficácia comprometida pela exigüidade de tempo para que se peça a impugnação das candidaturas bichadas. Promotores eleitorais receiam que o prazo legal de cinco dias seja insuficiente para devassar as listas de pretendentes remetidas pelos partidos. Isso acabará favorecendo fichas-sujas que querem disputar as próximas eleições municipais.
Vale conscientizar-se de que o pleito deste ano será o primeiro teste para a Lei Ficha Limpa. Como de costume, os que se sabem à margem das exigências legais não hesitarão em tumultuar o processo, na tentativa de que isso se reverta em favor de seus objetivos escusos.
A sociedade batalhou, e muito, por conseguir mais um meio de se livrar dos políticos que não estão à altura de representá-la. Não mais deseja ver no páreo aqueles que buscam no mandato uma proteção para crimes e falcatruas cometidas. Chega de porcaria!
A esperança é que a Justiça Eleitoral encontre meios de agir com rigor, impedindo que a Ficha Limpa se transforme em letra morta, no antro dos pilantras imortais.

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