As
opiniões se dividem e, por mais que conversem as partes interessadas, nunca se
chegou ao padrão universal de procedimento a adotar. O critério varia de cidade
para cidade, de estado para estado, de país para país.
A
questão é complexa, pois mexe com tradições, usos e costumes, princípios religiosos,
interesses econômicos e sociais, enfim, uma gama de fatores a que comerciantes
e comerciários se apegam na defesa de suas posições. E todos se arvoram de
donos da razão, o que é compreensível.
Um
cardápio de ofertas mais variado, a possibilidade de compra e venda através da
internet, afora outras modernidades, têm aumentado a concorrência, contribuindo
para que muitas posições conservadoras sejam revistas.
No
mundo inteiro a flexibilização do horário de funcionamento do comércio virou
tendência.
Em
Valadares, o setor varejista está submetido à Convenção Coletiva de Trabalho
(CCT) celebrada em novembro-2013, entre o Sindicato do Comércio de Governador
Valadares (Sindicomércio) e o Sindicato dos Empregados no Comércio de
Governador Valadares (Secom-GV).
Por
esse acordo, nos domingos e feriados, os supermercados, hipermercados, mercearias,
armazéns, açougues e hortifrutigranjeiros passaram a funcionar de 8 às 14horas.
Antes, os supermercados podiam
permanecer abertos até as 22 horas.
Desprezado
nas negociações, o consumidor não gostou da decisão. Prefere o regime anterior,
que lhe dava mais tempo, conforto e facilidade para fazer compras.
Por
outro lado, interesses classistas à parte, uma cidade tipo Governador
Valadares, com “status” de polo regional, precisa se dispor a fazer concessões,
flexibilizar e romper com certos paradigmas.
O Cadastro Geral de
Empregados e Desenvolvimento (Caged) mostra que em março último o número de desempregos
nos setores de comércio e serviços valadarenses foi maior que o registrado no mesmo
mês do ano anterior.
Na análise de Geralda
Gonçalves, gerente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-GV), entre os fatores
que para isso contribuíram, está, especificamente, a redução do horário de
funcionamento dos supermercados, nos domingos e feriados. Segundo ela, houve
uma significativa quantidade de demissões em função disso.
Nada de ferir preceitos
religiosos, muito menos contribuir para a desagregação familiar, tolhendo o
descanso e o lazer a que todos têm direito. Na realidade, entretanto, pouco adianta
brigar por essas regalias, sem ter condições econômico-financeiras de delas usufruir.
Tanto assim que, se alguma empresa abrir inscrições para trabalho aos domingos
e feriados, é provável que o número de interessados exceda as expectativas. Quando
cada um sabe onde o sapato aperta, prevalece a Teoria da Conveniência.
É
sempre ruim restringir ou obrigar. Ideal
seria chegar-se a um consenso, onde cada segmento do comércio tivesse autonomia
para determinar seu tempo de funcionamento.
O
horário livre, praticado em muitos outros locais, é também possível em
Valadares, desde que, além de boa vontade, visão empresarial, e respeitadas as
exigências legais, haja prévio entendimento entre patrões e empregados.
No
mais, é ouvir e acatar a vontade daquele que compra, gera impostos e faz as
coisas acontecerem: Sua Majestade, o
Consumidor.
- Jornal de Domingo
- Diário do Rio Doce
- www.nosrevista.com.br
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