A ditadura se estendeu até março de 1985, mas a anistia foi a largada para a
redemocratização do país, 15 anos após a tomada do poder pelos militares, em 31
de março de 1964.
O marco foi celebrado na última quinta-feira (28).
No Ministério da Justiça, o registro ficou por conta da mostra do filme “500 – Os Bebês Roubados pela Ditadura
Argentina”. O longa conta a luta das Avós da Praça de Maio, em Buenos Aires,
para reencontrar seus netos, filhos de desaparecidos durante a o regime militar
argentino.
Participando de debate acontecido após a exibição, João Vicente Goulart, filho
do deposto presidente João Goulart, admitiu que a Lei de Anistia deve ser
comemorada, mas defendeu sua reformulação. “Nós temos que comemorar, porque
houve uma lei de anistia, um pouco tardia. Muitos já haviam morrido no exílio,
como o presidente João Goulart. Mas é dever de todos nós, brasileiros, lutar
para que essa lei de anistia possa ser reformulada, possa ser reconstruída, e
que possa ser mais dignificada no que tange aos direitos humanos”, salientou.
Falando sobre a data, o advogado
Marcus Vinícius Furtado Coêlho, presidente da OAB nacional, disse que “Há exatos 35 anos
o Brasil anistiou aqueles que foram calados, perseguidos e exilados. Ao mesmo
tempo, manteve intocáveis aqueles que, pelo uso da força, amordaçaram as vozes
da liberdade, mas jamais apagarão da memória desta nação a luta travada pela
democracia”.
Polêmica por natureza, a abrangência
da Lei da Anistia ainda deverá render muita discussão.
Para aliviar a tensão e os conflitos
que a envolvem, vale recordar “O Bêbado e a Equilibrista”, a emblemática canção
de João Bosco e Aldir Blanc, eternizada na voz de Elis Regina, que se transformou no Hino da
Anistia.
Carregada de metáforas – forma de despistar
a rigorosa Censura da época –, a letra pede “a volta do irmão do Henfil” (o
sociólogo e ativista Herbert de Sousa, o Betinho, então exilado no México).
Fala também das “Marias” e “Clarisses”, referindo-se às mulheres que perderam
maridos, filhos e outros parentes, no tempo da Ditadura Militar. Maria
era a mulher do operário Manuel Fiel Filho, morto em 1976, e Clarisse a esposa
do jornalista Vladimir Herzog, que, em 1975, foi encontrado enforcado em uma
sela do DOI-CODI, ocorrência registrada como “suicídio”.
Por analogia, o arremate desse autêntico poema passa a idéia de um
Brasil que dança na corda bamba, de sombrinha, sabendo que, em cada passo dessa
linha, pode se machucar. Mas aposta na esperança equilibrista, certo de
que, como o show de todo artista, tem que continuar. Som na caixa!
- Jornal de Domingo
31 de marco de 1964. Nesse dia eu estava no Rio de Janeiro e a confusao era generalizada. A UNE conclamava ''greve geral dos trabalhadores'' e a gente nao tinha nem como comprar o arroz e o feijao de cada dia. A golpe militar fez bem para a nação. Anos depois andei em passeatas contra o Regime Militar coisa da qual muito me arrependo nos dias de hoje. Toda a confusão na nossa história poderia, eu creio, ter sido evitada se o General Lott fosse o eleito e não aquele bêbado doido, Janio Quadros, que enganou o povo brasileiro.
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