Faltando
três semanas para sua realização, a eleição presidencial deste ano mantém os
sintomas de que será a mais disputada, desde a redemocratização do país.
De
início, parecia ser um pleito “mamão com açúcar”, em que a chapa Dilma Rousseff/Michel
Temer nadaria de braçadas, com chances de se reeleger ainda no primeiro turno.
Àquela
altura, a polarização era entre o PT e o PSDB, de Aécio Neves/Aloísio Nunes,
com nítida vantagem para os petistas. Na terceira colocação aparecia o PSB, de
Eduardo Campos/Marina Silva, que nem de longe ameaçava.
De
um momento para outro, tudo mudou, e como mudou!
A
morte de Eduardo Campos foi a primeira e decisiva contribuição para o
surgimento de um novo cenário. Literalmente, a tragédia caiu do céu, no colo de
Marina Silva. Até então simples
coadjuvante, ela foi guindada à condição de candidata à Presidência, fazendo
aflorar todo o seu patrimônio eleitoral. Já na primeira pesquisa em que foi
avaliada como cabeça de chapa, ultrapassou Aécio e “colou no pé” de Dilma, se
mostrando apta a alcançar e vencer o segundo turno.
Pra
consolidar a modificação de contexto, houve o agravamento do escândalo
Petrobrás, depois da “entrega” feita pelo preso Paulo Roberto Costa, ex-diretor
da estatal, a título de “delação premiada”. Apesar de praticamente focada em
políticos e autoridades da base aliada ao governo, as denúncias envolveram o falecido
Eduardo Campos, expondo Marina a incômodas insinuações e cobranças.
Pensou-se
que isso favoreceria a Aécio, não citado no “Petrobrasgate”, pelo menos até agora.
Ledo engano! Por mais que se esforce, nem
em Minas, seu reduto, o tucano está conseguindo liderar.
Se
isso contribuiu para acirrar a corrida em direção ao Palácio do Planalto, pouco
ou nada ajudou em termos de elevar o nível da campanha.
Melhor
esquecer o medíocre Horário Eleitoral Gratuito, que, longe de estimular, serve
apenas para agravar o desinteresse do eleitor para com o pleito.
Imperdoável,
entretanto, é a agressividade e a troca de ofensas que têm pautado o
enfrentamento entre os três principais candidatos.
Nos
debates e nas entrevistas, nada de apresentar e discutir programas. Preferem se
perder em acusações recíprocas e lavagem de roupa suja que nada contribuem para
formar a opinião do eleitor. Parece até que os candidatos estão mais
interessados na desconstrução de seus adversários do que na reconstrução do
país.
As
últimas pesquisas demonstraram que, nesse ambiente de quebra-pau, a competição se
estabilizou num empate técnico entre Dilma e Marina, permanecendo Aécio em
terceiro lugar.
Segundo
os profetas apocalípticos, o panorama pode sofrer outras significativas alterações,
diante de mais revelações comprometedoras que o “homem-bomba” da Petrobrás
estaria propenso a fazer.
Na
verdade, essas acusações costumam abranger tanta gente, que acabam diluídas. No
frigir dos ovos, sobra a desagradável constatação de que os políticos não se diferenciam,
são farinha do mesmo saco. Que tristeza!
- Jornal de Domingo
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