domingo, 28 de junho de 2015

MARQUETEIROS DO PODER

            Em seu texto “Marketing publicitário”, publicado no DRD do último dia 23, o empresário e jornalista Francisco “Chico” Luiz Teixeira deu mais uma mostra de extrema lucidez.
            Com o talento de sempre, ele não precisou de academicismo para definir mídia e marketing, duas ferramentas amplamente utilizadas na busca do sucesso. Segundo ele, “mídia nada mais é do que um somatório de palavras como rádio, jornal, revistas, TV e outras, enquanto que propaganda, reclame, anúncio, publicidade e outros nomes do passado se resumem num só termo: o inglês marketing”.
            Apontando grifes que se projetaram graças ao investimento em marketing, Chico Teixeira, lembrou que uma boa propaganda é fundamental para o êxito empresarial de qualquer produto, nome ou serviço.
            Na visão do articulista, porém, “o Brasil ainda não atingiu sua maturidade publicitária. O que se investe em divulgação do produto turístico brasileiro é simplesmente pobre em valor e qualidade”. Para ilustrar essa afirmação, mencionou o balneário mexicano de Cancún, que, isoladamente, em um mesmo ano, gastou mais em publicidade do que todo o Brasil.
            Sob essa ótica, não há o que discutir. Embora conte com uma boa mídia, o país, em termos de marketing turístico, não está bem no ranking mundial.
            Entretanto, no campo político e da administração pública a realidade é bem diferente.
            Quando se trata de transformar limão em limonada, bombardeio aéreo em fogos de artifício, ou supositório em analgésico, não tem miséria. Políticos e governantes não hesitam em recorrer aos mais capazes profissionais de marketing, custe o que custar.
            Basta lembrar que, dos R$ 350,6 milhões gastos na campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, R$ 70 milhões ficaram com a agência Pólis Propaganda, do jornalista João Santana, o marqueteiro oficial da presidente e do Partido dos Trabalhadores.
            Até aí, nada demais, considerando que, no entendimento do publicitário José Nivaldo Júnior, autor do best seller “Maquiavel, O poder – História e Marketing”, marketing político é o conjunto de atividades que visa à conquista, à manutenção e a expansão do poder.
            O problema é que, em nome dessa tese, o brasileiro tem sido levado a alimentar ilusões e a engolir indigestas “preciosidades” que não faziam parte de seu cardápio. Nesse rol incluem-se o endeusado “Lulinha Paz e Amor”, que vendia a ideia de um político sorridente, capaz e conciliador; a “Dilma gerentona”, segura nos negócios e implacável com a corrupção; o “genial Guido Mantega”, que, após muitos anos sendo apontado como infalível ministro da Fazenda, deixou o país mergulhado na pior crise econômica de sua história; e o “milagroso Joaquim Levy”, até então ilustre desconhecido do grande público, a quem uma administração desacreditada entregou o Ministério da Fazenda, dando-lhe carta-branca para reajustar uma economia que ela própria desajustou.
            Fato é que os marqueteiros prestam excelentes serviços ao governo. Ensinando trejeitos, caras e bocas e outras formas de dissimulação, eles conseguem transformar os agentes públicos em hábeis enganadores da opinião coletiva. E esse aprendizado é extremamente útil, na hora de realçar metas que dificilmente sairão do papel ou de minimizar fatos comprometedores.

            É o que se viu recentemente, quando a presidente Dilma, chamada a se manifestar sobre as duras críticas que lhe foram feitas pelo seu criador, limitou-se a dizer que “todo mundo tem direito de criticar, ainda mais o presidente Lula”. Esteve bem próxima de um conhecido jargão popular, segundo o qual opinião é igual ... mão: todos têm, dá quem quer.

- Diário do Rio Doce

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