Por
Etelmar Loureiro
Desde a sua efetivação, o horário de verão tem gerado
polêmica entre os brasileiros. Se alguns o apreciam, outros se dividem entre os que não
gostam, os que detestam e os que abominam sua existência. Há ainda os que aplaudem
sua chegada, apenas para sentir o prazer de festejar seu término.
Instituído
em 1931, pelo então presidente Getúlio Vargas, houve períodos em que ele não
foi adotado. Após l985, entretanto, firmou-se, nos estados brasileiros do Sul,
Sudeste e Centro-Oeste.
Em linhas gerais, o programa consiste em adiantar em uma
hora os relógios, para economizar energia elétrica. Sua duração é de outubro a
fevereiro do ano seguinte.
No
verão, o consumo se eleva, sobretudo em torno das 18 horas. É quando, de volta
a aos seus lares, as pessoas ligam luzes, chuveiros e aparelhos
eletrodomésticos, no momento em que também a iluminação pública é acionada.
Esse súbito aumento da demanda pode desestabilizar o sistema elétrico. Com a
iluminação natural ainda presente, a mudança de horário contribui para que a
ativação das luzes de rua seja retardada e não coincida com a chegada dos
trabalhadores em casa. Assim, o aumento
da demanda se dá de forma mais gradual, melhorando a segurança do sistema. A
explicação é do Operador Nacional do Sistema (ONS), responsável por essa área
Satisfeito,
ou não, o povo, assimilou o processo. Mas sempre questiona a relação custo/benefício entre
a economia de energia obtida e os transtornos que isso acarreta.
Passados
muitos anos, recente estudo do ONS e do Ministério de Minas e Energia concluiu
que o horário de verão traz efeitos “próximos à neutralidade” no consumo de
eletricidade. Ou seja, o programa perdeu a razão de ser.
Em termos financeiros, ele também
não se justifica. Qualquer economia de milhões seria irrisória, comparada aos
prejuízos que a Eletrobrás tem sofrido nos últimos tempos, por má gestão e
muita roubalheira. Só no governo de Dilma Rousseff, R$ 31 bilhões foram pro
ralo.
Numa
aparente tentativa de desviar as atenções hoje voltadas para as graves
denúncias que pesam sobre alguns de seus principais integrantes, o governo
anunciou estudos voltados para a abolição o programa. Falou até numa inusitada enquete
nas redes sociais, para deliberar sobre o assunto.
Mas tudo não passou de alarme
falso. O fogo de palha apenas atiçou as
opiniões contrárias ao programa, fartamente postadas nos sites de
relacionamento. O governo decidiu manter o esquema, pelo menos neste ano. Na avaliação
de ministros de Estado e de líderes da base aliada, corroborada por Michel
Temer, o horário de verão já se incorporou à cultura do brasileiro. Encerrá-lo
poderia causar desgastes desnecessários para o Planalto.
Embora haja promessas nesse
sentido, é improvável que tema volte a ser discutido pela atual administração,
que se despede no próximo ano. Mas, independentemente de quem o faça, e de
quando isso aconteça, seria de considerar que o Brasil se situa numa área
tropical onde a duração dos dias e as temperaturas não variam muito durante o
ano. Por isso, independente de rótulo, seria interessante estabelecer-se um
horário válido para os doze meses, facilitando que as pessoas a ele se adaptem
definitivamente, sem os transtornos biológicos de que hoje são vítimas no
começo e no fim de simples temporadas.
Fato é que o novo horário estará em vigor a partir do próximo dia
15, e com ele teremos de conviver até 18 de fevereiro do ano que vem. O consolo
está em um velho ditado, segundo o qual “Deus ajuda quem cedo madruga”. Que
seja verdade!
- Diário do Rio Doce - 28.09.2017
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