Por Etelmar Loureiro
A cidade e a mulher possuem algumas características comuns. Ambas têm
seus encantos, seus dilemas e suas crises. Gostam de bom tratamento, de
dedicação e carinho, de se sentir belas e sedutoras, de conquistar espaços e de
atrair parceiros de qualidade, sobretudo os dispostos a gastar e investir.
Apostam nos filhos,
e, gratificadas, ficam orgulhosas das vitórias por eles conquistadas. Fazem
projetos auspiciosos e acalentam sonhos de crescimento. Têm um coração
pulsante, alimentado pela confiança no futuro.
O
célebre Moraes Moreira, em uma de suas aplaudidas composições, reconheceu que
“a mulher e a cidade / representam para mim / amor e liberdade. / A cidade é
uma moça / também não tem idade. / É o espírito, a força da mocidade”.
Parecidas em muitos aspectos, uma e outra se distanciam no modo de refletir a
ação do tempo.
Despercebido enquanto ela é jovem, o amadurecimento acaba se tornando algoz da
mulher. Faz encolher suas energias, inibe-lhe o ânimo, modifica sua beleza
externa, antes de tirá-la de cena. Roteiro próprio dos viventes.
Para
a cidade, ao contrário, o passar dos anos costuma ter efeito remoçante e
inovador. Abre novos horizontes, induz crescimento, progresso, consagra usos e
costumes, ou revela outras vocações. Para o bem ou para o mal, em algum sentido
a cidade vai em frente; dificilmente retrocede.
Quem
há muitos anos acompanha a evolução de Governador Valadares percebe o quanto o
aumento da idade lhe tem sido saudável e benéfico. Resultados positivos são
inegáveis.
Desde a emancipação política, em 30/01/1938, sua história registra constantes
avanços, de maior ou menor intensidade. Transformou-se no polo econômico
regional, com larga influência sobre o leste e o nordeste mineiros, alcançando
algumas áreas do Espírito Santo.
Mesmo sem céu de
brigadeiro, sempre há teto e coragem para voar.
A cidade vem
acumulando importantes conquistas; a Universidade Federal foi uma delas. A
inclusão do município na área de atuação da Sudene, se afinal consumada, poderá
representar outro grande passo rumo ao desenvolvimento. O Hospital Regional, em
fase de construção, contribuirá para consolidar a excelência dos recursos
médicos locais. Enquanto isso, o comércio, a construção civil e outros ramos
da atividade privada se juntam às ações institucionais, para sustentar bons
índices econômicos. E não seria absurdo apostar em dias melhores, assim que se
tornarem realidade a modernização do Aeroporto Coronel Altino Machado e a
duplicação da BR-381. Isso sem falar na sempre sonhada e muitas vezes prometida
extensão de um gasoduto até Valadares.
A localização
estratégica, o perfil geográfico, a tranquilidade político-social, a boa
estrutura urbana, a estabilidade econômica e a visão empreendedora de suas
lideranças são qualidades que explicam esse cenário.
Como toda cidade e
toda mulher, Valadares requer manutenção periódica. Um retoque na maquiagem, um
“reaperto” no esqueleto, um check-up, uma limpeza de pele, uma tintura de
cabelos são imprescindíveis, saudáveis e fazem parte da rotina e da
vaidade.
A eterna "Princesa do Vale" acaba de chegar aos 80 anos, sem
demonstrar necessidade de uma grande recauchutagem. Nada de silicones,
lipoaspirações ou bariátrica; “tá tudo nos trinques”! Quando muito, um
“peeling”, ou um botox, aqui ou acolá.
Sob
uma administração municipal dedicada e merecedora de confiança, que recriou
expectativas em torno de um futuro mais promissor, a cidade vive momentos de
indisfarçável otimismo.
Bonita e
cativante, apenas lhe faltam mais pretendentes de visão, que tenham dote,
disposição e seriedade para investir no seu potencial.
Dispensados, com
certeza, os príncipes encantados que proporcionam uma maravilhosa noite de
Cinderela, seguida de frustrante vida de Gata Borralheira. De “malas”,
oportunistas e enganadores, Valadares já se cansou.
- Diário do Rio Doce - 01.02.2018
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