Em
quase todo o mundo o Natal está virando uma época cada vez mais mercantilista,
mais consumista e menos reflexiva.
Está
de tal forma vinculado à troca de presentes e a tantos símbolos, que muitos
acreditam estar celebrando o aniversário de Papai Noel, não o nascer do Menino
Jesus. Parece que a sociedade desaprendeu e vive momentos de ex-Natal.
Isso
faz lembrar o tempo em que os artigos encontrados nas vitrines eram mais simples
e escassos, requerendo criatividade e imaginação de quem queria dar presentes.
Carrinhos de madeira,
bonecas de pano e outros brinquedos feitos por pais, avós e tios sempre estavam
entre as preferências da meninada.
Sem grana e sem muita
escolha, o jeito era tentar unir o útil ao agradável, presenteando roupas,
calçados, materiais escolares e outras coisas que ao mesmo tempo seriam úteis.
Nos lares, a ceia
natalina, mesmo farta e saborosa, tinha um cardápio modesto, sem grandes
iguarias. Quase restrita a familiares, era antecedida de uma prece de
agradecimento.
Mais crédulas, as
crianças iam cedo para a cama, após colocar seus sapatos nas janelas, atrás das
portas ou próximos ao presépio. Dormiam confiantes em que Papai Noel, a bordo
de seu trenó puxado por renas, viria deixar os presentes que alegrariam a manhã
seguinte.
Tempo fantasioso e místico,
quando os sentimentos de solidariedade emergiam em toda a sua amplitude, como se
quisessem pôr fim às desigualdades sociais, mais visíveis no período natalino.
Por sorte, alguns
bons costumes resistiram ao tempo.
O Natal ainda é o
grande motivo para reunir a família, confraternizar com amigos, colegas de
trabalho, fornecedores, clientes e tantos outros. Ajudar ao próximo continua sendo
a preocupação dos mais sensatos.
Nada contra a troca
de presentes, nem que isso concorra para alavancar o comércio. Faz parte do
jogo e até merece incentivo. Mas não deve se sobrepor à essência da celebração.
Melhor seria
transformar as práticas de ocasião em ações desenvolvidas no decorrer do ano. Isso
para que o Natal deixe de ser um momento de polarização social, quando uns mostram
ter muito e outros nada. Período em que os ricos curtem momentos iluminados e
felizes, enquanto, os pobres amargam tristeza e solidão.
Que seja a
oportunidade de os poderosos assumirem sua cota de responsabilidade na tarefa
de inclusão social dos humildes e necessitados. Só assim haverá paz de
consciência para se pensar em Feliz Natal.
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